Podemos ver uma comunidade como um grupo de indivíduos que se relacionam para alcançar e preservar objetivos
comuns, ou seja, para cuidar do bem
comum. Acreditamos
que compete a cada um de nós trabalhar para apoiar uma visão de harmonia e de
bem estar entre os seres humanos, com a Terra e com todos os outros seres. Para
isso é necessário reinventar e talvez até certo ponto recuperar, o sentido de
comunidade que em tempos existiu e nos fez evoluir como seres interdependentes,
focando nos benefícios do cuidado mutuo e da cooperação.
Uma
das formas para podermos alcançar isso passa por encararmos a sustentabilidade
social como uma tarefa coletiva que começa ao nível individual, em cada um de
nós, cuidando e seguindo valores e éticas de base que sustentam o nosso ser e
que a partir daí sustentam as nossas relações e o nosso desenvolvimento
coletivo. Cada pessoa pode e deve estar comprometida em contribuir para uma
sociedade sustentável, que incorpore em si um caminho consciente de evolução
como seres que fazem parte de um todo, bem maior do que a soma das suas partes.
Independentemente do sector em que trabalhamos,
podemos promover relações conscientes e positivas usando formas de comunicação autêntica, métodos de tomada de decisão eficientes e participativos, ou outras práticas que ajudem a estabelecer relações sociais saudáveis e cooperativas no
nosso dia a dia, seja com as nossas famílias, na relação com os vizinhos ou nas
nossas relações sociais, empresariais ou políticas. Talvez assim possamos criar ações mais igualitárias e justas que nos ajudem a viver em sociedades mais cooperativas e éticas.
Os
desafios coletivos que encontramos hoje em dia, podem às vezes parecer
insuperáveis e levar-nos a desresponsabilizarmo-nos pela situação em que vive a
sociedade atual, mas o impacto que podemos ter no trabalho do dia a
dia, de forma individual, com cada um fazendo a sua parte, é bem maior do que
aquilo que pode parecer. Desenvolvendo o nosso sentido de realização interior,
a nossa auto-estima, confiança e amor próprio leva-nos a ser cidadãos felizes e
preenchidos, que conseguem desenvolver as mesmas qualidades nas suas relações
com os outros e assim contribuir para uma sociedade saudável, estável e
sustentável.
Para
além disso, transformando a maneira como lidamos com a economia, tendo em
vista o nosso envolvimento nela, podemos fortalecer
círculos de proximidade, de resiliência e de confiança na comunidade. A
possibilidade que temos de influenciar e favorecer a economia local, deve se
sobrepor aos estímulos do facilitismo, do materialismo e do consumismo
moderno e permitir-nos olhar para as nossas ações com o poder que elas têm de
redirecionar e apoiar a sociedade num caminho de sustentabilidade que
pretendemos criar.
Parece-nos que integrar os movimentos ambientais e sociais existentes numa abordagem holística, ecológica e espiritual da vida, trará mais hipóteses de transformar o paradigma atual da sociedade em que vivemos. Estes movimentos quando trabalhados de forma isolada, cumprem o seu papel mas se trabalhados em conjunto podem potenciar e fortalecer os laços e pontos de ligação dentro da sociedade.
